O atendimento médico oferecido a usuários de drogas da cracolândia, em São Paulo, foi recusado em 93% das 7.730 abordagens feitas pelos agentes da Secretaria Municipal da Saúde até o dia 30 de agosto. Quarenta dias após o início de uma nova operação para revitalizar a região, foram realizados 565 encaminhamentos médicos e 64 internações. O fechamento de 13 hotéis e o cerco policial, com a prisão de 77 pessoas, não evitaram a circulação dos viciados em grupos na região central, em áreas como Praça da República, Largo do Arouche e Avenida São João.
O foco da operação está concentrado na região residencial de Campos Elísios. Nessa área, onde foram fechados dezenas de imóveis usados para o consumo do crack, viciados seguem perambulando. A presença dos consumidores também se tornou maior nas pequenas travessas onde a cracolândia surgiu em 1989, perto da Estação da Luz.
"Não foi resolvido o problema. Temos alguns pontos, principalmente na parte do bulevar da São João, ainda ocupados pelos grupos de dependentes. A estratégia é cansá-los", disse o comandante do policiamento da Polícia Militar (PM) no centro, coronel Marcos Roberto Chaves. Para o secretário municipal da Saúde, Januário Montone, quanto mais a droga rarear na região, mais fácil ficará a abordagem dos agentes.
Crianças e adolescentes que aceitam tratamento médico estão sendo encaminhados de volta aos seus familiares ou para abrigos ou conselhos tutelares, explica a promotora Laila Shukaid Said, do Ministério Público Estadual (MPE). "Quando é aceito o encaminhamento médico, nós pedimos autorização ao fórum central para tirá-lo da rua", disse a promotora, que terá um balanço do número de menores de idade retirados da região só na próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.